Vez em quando eu me pego matutando
Quando alembro de um sonho
Desses que aperreia a gente
E nesse sonho, até o altíssimo dúvida
Lampião e Maria Bonita
Proclamaram o Nordeste Independente
Velho Chico é testemunha, como o Sol e o chão rachado
Vi vaqueiro ser eleito, jangadeiro no senado
O presidente não empunha carabina nem pistola
Faixa de renda ao peito, nas mãos uma viola
Conselheiro inconfidente nordestino
Sanfoneiro toca o hino, asa branca do sertão
Muié rendeira borda o Sol nessa bandeira
E lá na feira a moeda é o tostão
Do agreste ao litoral, da Bahia ao Maranhão
Em rimas de cordel, ergueu-se a nova nação
A fé unindo o terreiro à romaria
Padim Ciço abençoa e alumia
Que há fartura e riqueza cultural
Mandacaru
Brilha feito estrela no sertão
Contra a tirania e opressão
Do cangaço faço a guarda nacional
Tem gibão, chapéu de couro
O retrato de um país
Tem forró, arrasta pé
No cantar da Imperatriz
Esse povo é guerreiro
É cabra-da-peste
É a nação independente do Nordeste