Quer saber o que me incomoda, sincero
É ver que pra noiz a chance nunca sai do zero
Que se eu me destacar é pura sorte jão
Se eu fugir da pobreza
Eu não escapo da depressão
Um quadro triste e realista
Na sociedade machista
As oportunidades são racistas
São dois pontos a menos pra mim
É difícil jogar quando as regras
Servem pra decretar o meu fim
Arrastam minha cara no asfalto
Abusam, humilham, tiram a gente de louco
Me matam todo dia mais um pouco
A cada claudia morta, a cada alan morto
Se não bastasse essa injustiça e toda dor
Transformam adolescentes em um
Filho da puta de um mal feitor
É complicado essa anedota, não acha?
Mas hoje ouvirão verdades vinda dessa racha
No rap, ego inflado, os cara se acha
Mas ninguém se encontra e geral arrasta
À margem de tudo a gente marcha
Pra manter-se vivo respirando nessa caixa
Eu quero mais, eu vou no desdobramento
Nem que pra isso eu tenha que
Formar um movimento
Agora é a preta no comando, no empoderamento
E eu vim logo de bando, vai vendo
Com o afro alaranjado, chegando no talento
Gritando mãos ao alto
E atirando argumento, pow!
Da zona de conforto pra zona de confronto
Vai vendo
Sumemo, me chame de afrontamento!