Catraia
Eu procurei - vezes sem conta -
O mar na tua praia
Catraia
Eu não achei o que me propunha
E não vou tomar-te à laia de parva
Vou fumar toda a erva inatingível do teclado
Não parar até que o dia se faça noite de tão farto
Hibernar
Quem se debate corre o risco de ser ceia
Um corpo movediço na areia
Neste bar
Os barris escorrem como águas de Março
A imitar as florestas tropicais do teu abraço
Nada bate o calor da tua teia
Entre as pernas soporiferas da aranha
Em boa verdade
Catraia
Falhei
Não posso dar-tе o que eu próprio não tenho
Quеria clonar-te e com tudo o que sei
Reconstruir do esboço que guardei
Tenho uma fraude a olhar-me do espelho
Sou um cobarde, o desgosto da minha mãe
Queria esquecer-te e com tudo o que sei
Recomeçar do inicio com alguém