[Intro]
Negro!
O teu grito ecoou na senzala
E invadiu o ouvido surdo do teu senhor
Foi um grito forte que nasceu da dor
Que nasceu crescido
E pôde ser ouvido por poder se impor
Grito de alma escrava
Grito de uma vida inteira
É grito de liberdade
É grito de capoeira
Capoeira grita
E seu berimbau chora
[Refrão]
Ê-ê-ê Jogo de negro
Que sentia a força de Zumbi
Ê-ê-ê Jogo de negro
Que sentia a força de Zumbi
No seu coração
[Verso 1: Anarka]
Ócio sempre foi utopia, a realidade era as barca
Tiroteio na favela e no barraco as marca
Escravocrata imperial, racismo estrutural
Sempre apagou minha história e fez sonhar com as ParaFAL
Nariz largo, não me agrado, os traço sempre foi fardo
Padrão eurocentrado, onde não ser branco é errado
Alisou meu cabelo, ofuscou minha cor
Quis me transformar em Barbie, minha religião deturpou
Só que Xangô vingou, Exu me guardou
Dandara libertou e do enê fui pra nagô
Subversão constou, as corrente quebrou
Aqui vos fala mais uma preta que vocês não matou
Contra a estimativa que 'cês deram
Anota aí que eu vou viver muito mais do que 'cês me impuseram
Cria de Black Panther, Malcolm X, meu sinhô
Vim pra pegar de volta tudo meu que 'cê roubou
[Refrão]
Ê-ê-ê Jogo de negro
Que sentia a força de Zumbi
Ê-ê-ê Jogo de negro
Que sentia a força de Zumbi
Que sentia a força de Zumbi
No seu coração
[Vero 2: D'Ogum]
Nasci sem sentido, contido na continência
Do racismo, introjetando, apagando com veemência
O ódio ao nariz, à boca e à própria cor
Ser chamado de mulato, pardo, é fardo que aumenta a dor
Meia alta na canela, sequela como herança
190 perseguia, lembrança, boa esperança
Nessa andança, auto-ódio, agora tô sem perdão
Pique Felipe Boladão
Verso sujo, cerro o punho, contra tudo de opressão
Cuzão, que
Marcha pra Jesus, correndo com o Diabo
Roga ódio no axé, na minha fé, no meu gingado
Da sua bala eu tô blindado
Racista atrasa, medo alastra, na encruza será cobrado
Palmeiras, Palmares, Palmas
Jurema, Zumbi, cabaças
Marimbas, mocambos, palhas
Meus versos cacimbas vastas
Reflete caras frustradas
Essa é pra quem dizia: "Dos 18 ele não passa"
[Refrão]
Ê-ê-ê Jogo de negro
Que sentia a força de Zumbi
Que sentia a força de Zumbi
No seu coração
[Verso 3: DenVin]
Desde pequeno, espancado e chamado de feio
Filho bastardo, zoado, nunca amado, me odeio
Sentado no canto da sala
Sempre perturbado pelos outros, que me deixava em prantos
Me fala
Quem é o macaco ou o pé de barro? (Quem?)
Zoam minha boca que se tornou motivo até de sarro
Me dedico ao Rap pra chutar os cu de rappers
Sou o crioloque ama caçar os Woodpeckers
Sou preto guerreiro, nunca cover de heróis que...
Enche o nariz de pó e morre de overdose
Tentam pintar o Rap de branco
Abafam a nossa luta e colocam nossos moleque no banco
Projeto Preto se tornou um clã forte
Odeio heróis brancos, prefiro o Hancock
Somos melhores do que o seu hit pop
A fúria negra ressuscita pra salvar o Hip-Hop