rimando o cheiro das coisas que na cidade são todas
pó,
a árvore, o poste, o homem, o enfisema pulmonar
vou lambe-lamber em todas as ruas,
este ar seco nos seca
não saiam sem as máscaras de gás
a profusão de todo nada nos outdoores,
bancas e estampas e parede parede parede
parede muro losa de um mundo estranho
onde os professores são os pixadores,
os alunos nada entenderão
cegos de olhos abertos, ainda não estamos tão loucos
só inquietos
mas sejamos então
diretos
o fluxo desse vai e vem vai e vem veio,
já não é mais
o banco laranja azul às vezes cinza
não tão raro verde-água do metrô
viajamos tão rápido, pra perder a hora
pra perder a hora
fugimos do sol
por que tanto se fala em tanto trânsito,
quando na verdade nada transita?