Descalça nos destroços
eu enxergo a sua dor
de pisar nos cacos que o fogo deixou
dançando nas ruínas
de um mundo em estupor
que queimou castelos onde já bailou
novo mundo que
se desabrochar
quero estar aqui
aqui
é como se fosse num sci-fi estranho
e a bomba não parasse a dois segundos do fim
eu vi você dançar no fogo e eu não tinha um extintor
eu vi queimarem os passos que você nunca dançou
[missa de sétimo dia]
ligação 352 da missão antares
quem fala é um dos poucos que sobrou
de cima eu vejo que às 3: 52 da manhã
mais um homem caído
foi levado pelo abismo que se formou
dentro do seu peito e fora da sua janela
num acontecimento sem precedentes
que abalou a todos os presentes
e que mesmo doentes, tentavam resistir
quanto tempo aguentaram até sucumbir?
de repente, penso: "e se novos os substituíssem? "
teríamos nós que copiar os modelos antigos
ou poderíamos inventar?
deixá-los a mercê de suas vontades
de suas liberdades
se deixassem de comer dinheiro no café
e cagar pobreza ao meio-dia
parassem de dançar sobre os corpos em agonia
e se as palavras que dissessem fossem alforria
esse nosso baile teria outra coreografia
que não beberia de toda essa sangria
do cálice que tocou lábios que a bailarina jamais beijaria!
chamaria a esta de "missão utopia"
eis aqui o meu discurso nessa missa de sétimo dia
que outro colorir
pude imaginar?
sorte estar aqui
aqui
é como se fosse num sci-fi estranho
e a bomba não parasse a dois segundos do fim
eu vi você dançar no fogo e eu não tinha um extintor
eu vi queimarem os passos que você nunca dançou
calor não suporto aqui
queimou o amor em mim
estamos a bordo do mesmo fim
calor não suporto aqui
queimou o amor em mim
estamos a bordo do mesmo fim
do fim