O inverno se revela
Ante os olhos da janela
Que observa , entanguida
Um nuverio mais picaço!
Cobrir o céu num abraço
Deixando a tarde encardida
O vento assoprar friagem
Encarangando a paisagem
Pintada pela invernia
Embalando as taquareiras,
Trouxe a alma musiqueira
Pras cordas da cercania
Vai ventito, milongueando...
Orquestrando a invernia
Que eu sigo no meu costado
Com coração debruçado
Na janela da poesia
O inverno crava punhais
No couro dos animais
E também na carne humana,
O frio dilacera tudo!
Só o meu guacho lanudo
Não sente a dor da lampana
Os campos se aniquilaram!
Os cuscos se enrodilharam
Bem na boca do fogão
E os meus dedos milongueiros
Vão atiçando o braseiro
Da alma do meu violão.