Ouvir dizer que o chão secou
E sem porque de caminhar
O viajante prosseguiu
Descobriu além do mar
Onde o barco naufragou
No naufrágio ressurgiu
O olhar que lhe afogou
No semblante que iludiu
Só numa jornada
Mais um pé na estrada
Morada sem fim
Um dia qualquer de um sujeito urbano
No corpo uma meta
E a carne não tem mais calor
Armado sem porte de arma
Cerrado ao karma que ao próprio incumbiu
Estava na encruzilhada
na hora marcada que a Santa falou
Foi pedir a Oxalá
Para nascer de manhã
Não podia esperar
Diz à mãe que vou já
Diz ao pai que passou
leva o corpo ao mar
Me afaga essa dor
A primeira luz que os olhos viram, a vida
Estava escrito estrela acima
Que o caminho não era fácil de viver
A primeira vez que ama é um pulo na cachoeira
Pula sem olhar a beira quando põe tudo a perder
A primeira vez que perde a única vida ensina
A culpa é de quem repete por vaidade sem pensar
E a única vez que vive na próxima vez que erra
Descobre que tudo era um jeito de se aprender
Foi pedir a Oxalá
Prá nascer de manhã
Não podia esperar
O destino clamou
Diz à mãe que vou já
Diz ao pai que passou
Leva o corpo ao mar
Me afoga essa dor