Acorda todo dia com o nascer do Sol de despertador
O feixe de luz entre a telha do teto sem forro e velho
Veste seus sapatos furados e toma o café
Leite puro com um terço de pão duro e um pouco de mel
Vai pra obra onde trabalha andando só
Mesmo garoando, ventando ou nevando sempre a pé lá
Rala duro até o anoitecer e faz hora extra
Pra comprar o remédio de sua avó faz o que lhe resta
Por que nem tudo é justo nessa vida não?
Morre-se sem fazer o que podia, sem dizer o que queria
Foi em vão
Acorda todo dia em sua mansão a hora que quiser
Tem tudo arrumado, engomado e empregados de fé
Reclama no almoço que o Salmão tá ruim e o caviar
Foi servido de modo errado? Retardado, troque já!
Sai para? balada? . Ele? tira onda? e cheira pó
Vai? fudendo? com o seu carrão esporte queimando sem dó
Resolve? tirar uma onda? com os camaradas
"Passa perto daquele cara e dá uma buzinada?
Por que nem tudo é justo nessa vida não?
Morre-se sem fazer o que podia, sem dizer o que queria
Foi em vão
O muleque desgovernado atropelou o cara
Que já ali deitado olhado pra sua cara
? Entregue esse remédio pra minha avó
Na rua dos Injustiçados, número daqui pra melhor"