A caatinga é o divã do cabra
Me disse a água barrenta do riacho
Aprendiz de errante arrieiro
Parei de baixo de um pé de marmeleiro
Me lambuzeei com seu fruto ácido
Pensei comigoo "que diacho"
Tem o mesmo gosto da paixão
Azedando a boca e o coração
Êee
Carcará cantava uma cantiga
Um aboio de tinir qualquer cristão
O pesteado parecia mangar de mim
Pairou no ar deu um rasante sem fim
Acho que sabia que eu queria voar por
Por esse vento bravio do sertão
Iria a Olinda, Recife, Petrolina
Ou até a Paris atrás dessa menina
Muito aperreio pra pouco matuto
O sol escaldante ofuscava meu olhos
Mas tua imagem guardo na retina
Porque o amor tanto desatina?
Porque não chove no meu sertão?
No peito o no rincão são só abrolhos
Sacudi a poeira e recolhi as alpercatas
Caminho ou essa vida me mata