O medo, que paralisa o braço
E estimula o pensamento
Incendeia o coração
Com seus poemas de lamento
O suor que se esvai
Se entrega ao sal que escorre em lágrimas
Ao sabor do coro
Que lhes dilacera a carne, indiferente à alma
Somos um, mas não somos o mesmo
Qual a medida do amor
Quando o que nos separa é a cor?
E a dor é o que nos faz ser melhores
Eu nasço, brinco e cresço
Com uma corda no meu pescoço
Na senzala, a portas fechadas
Eu peço pra nascer de novo
Quem sabe de uma forma melhor
De um jeito que não me aprisionem
Talvez se eu nascesse branco
E pudesse fingir que sou homem
Com quantos troncos se fez um país?
Venderam de graça quem nasceu mais forte
Mas o grito de quem sofre vai
Resgatar a imensidão de pecados
Então, seremos todos livres!
Somos um, mas não somos o mesmo
Qual a medida do amor
Quando o que nos condena é a cor?
E a dor é o que nos faz ser melhores