Está uma guerra declarada
Não tenho filho varão
Eu só tive sete filhas
Por mim à guerra não vão
Vou à guerra por meu pai
À guerra de D. João
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Não quero que vás à guerra
Não quero, minha filha não
Por esse lindo cabelo
Filha, vos reconhecer vão
Deixe lá ver uma tesoura
Se os quer ver cair no chão
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Não quero que vás à guerra
Não quero, minha filha não
Por esses teus lindos olhos
Filha, vos conhecer vão
Eu, assim que lá chegar
Assentarei-os no chão
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Não quero que vás à guerra
Não quero, minha filha, não
Por esses teus lindos peitos
Filha, vos conhecer vão
Um colete me farão
Que me aperte o coração
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Não quero que vás à guerra
Não quero, minha filha, não
Pelas tuas lindas mãos
Filha, vos conhecer vão
Costureiras há na terra
Umas luvas me farão
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Não quero que vás à guerra
Não quero, minha filha, não
Por esses teus lindos pés
Filha, vos conhecer vão
Sapateiros há na terra
Umas botas me farão
Pai, dê-me armas e cavalos
Que eu vou a ser capitão
Ó minha mãe, minha mãe, minha mãe, do coração
Minha mãe, do coração
Os olhos de Dom Marquês são de mulher, de homem não
De mulher, de homem não
Sete anos e mais um dia na guerra de D. João
Nunca ninguém me conheceu senão o senhor capitão
Conheceu-me pelos olhos, por outra coisa mais não
Os olhos de Dom Marquês são de mulher, de homem não