Agora que troquei
Aviões por pássaros
Sei que trazem menos gente
E as janelas são de abrir
Agora que troquei
Multidões encarceradas
Por rebanhos nas encostas
Cutucando os narizes
Nos seus carros amestrados
Que já sabem o caminho
Vão de casa para o trabalho a ouvir canções felizes
Ruminando o seu destino
Retocando a maquilhagem
Num espelho que só vê para trás
Contando os cabelos brancos
Mais aqueles que não crescem
Entre a erva е a palha seca
Talvez nunca oiçam esta
Talvеz nunca oiçam esta
Agora que troquei
Avenidas de calçada
Pela areia da Calada
Descobri que ser feliz
Não pertence a nenhum sítio
As janelas são de abrir
Nem o mar tão pouco acalma
A cidade que há cá dentro
Que buzina porque sim
Dá-me tempo, dá-me tempo
As janelas são de abrir