Num rancho lá atrás da serra
Linda criança nascia
Tão cega como as treva
Sem podê vê a luz do dia
O menino foi crescendo
Falava triste a chorá
Andava pendê pendendo
Mamãe não posso enxergá
A pobre mãe comovida
Abraçando o ceguinho
Chorou lágrimas doída
Carregando o seu fiinho
Foi correndo na capela
Ajoeiô ao pé da cruz
Acendendo toda a vela
Fez uma prece a Jesus
("Senhor todo poderoso
Meu filhinho é um sofredô
Tô aqui ajoeiada
Implorando pro Sinhô
Mas me faça esse milagre
Do meu fiinho enxergá
Aqui ajoeiada aos seus pés
Eu prometo me cegá")
Quando na porta da igreja
Com seu fio carregando
Ele grita, chora e fala
Mamãe eu já tô enxergando
Ela vorta tão depressa
Ajoeiô em frente o artá
De cumpri sua promessa
O seus zóio arrancá
Mas porém nesse momento
Uma voz então se ouviu
A image do poderoso
Parece que até sorriu
Dizendo à pobre mãe
Vai criá o seu fiinho
E leve a luz dos seus zóio
Pra ensinar o bão caminho